Na quinta feira da semana passada, tive a oportunidade de andar de ônibus pela Linha Verde, obra esta que foi taxada como a principal do governo Beto Richa à frente da prefeitura de Curitiba, e que é sempre alvo de muitas críticas por parte de quem depende desta para ir e vir nesta grande cidade. E o que postarei aqui é uma breve análise limitada ao transporte coletivo.
O passeio é bem interessante. Logo no embarque da linha Pinheirinho / Carlos Gomes, considerando que estávamos no horário de pico (por volta das 18:15), esperava por algo caótico, beirando a desordem que geralmente presenciamos no “rush”. Mas nada disso aconteceu. O ônibus logo chegou, mas esperei o segundo, pois queria ocupar um lugar em que fosse possível reparar e analisar a obra. Primeiro grande detalhe: o articulado não partiu abarrotado, como imaginei.
Logo adentrando pela Av. Marechal Floriano Peixoto, vem o segundo grande detalhe: é impossível não reparar o quão esquisita ela ficou, embora eficiente, no que tange ao seu novo formato. As estações-tubo foram desalinhadas e a avenida possui três faixas em vários trechos, permitindo ultrapassagens dos novos Ligeirões sobre os biarticulados normais. Em vez de andarem reto, agora os imensos biarticulados e articulados ficam “ziguezagueando” pela concretada Marechal. E para finalizar esta parte da analise, é interessante citar que a linha não para em todas as estações da avenida, fazendo com que este ônibus chegue no local da antiga BR-116 antes que os demais.
Muito bem. Ao chegar no viaduto da antiga rodovia, nos deparamos com uma das novidades: as novas estações-tubo. Na Linha Verde, as estações funcionam como uma espécie de “mini terminais”, sendo que de um lado param os articulados e do outro, os alimentadores da região. Ou seja: houve um aumento da integração do transporte coletivo curitibano que, diga-se de passagem, é o mais integrado do Brasil. É claro que eu me lembro muito bem da época em que a Linha Verde foi inaugurada e não me esqueci que os moradores da região reclamaram desse fato. Não da integração, mas porque os itinerários desses alimentadores foram alterados, sendo ainda que, de acordo com as más línguas, houve a diminuição desses mesmos alimentadores que dão suporte a região. Como não sou usuário desses, não me cabe falar sobre.
Ainda falando sobre as estações-tubo (as cinco do trajeto da Linha Verde), elas receberam uma nova maquiagem também: cheia de letreiros eletrônicos e com catracas no estilo das estações de metrô, elas estão mais bonitas. Com bancos e mapas da cidade, ela fornece mais conforto e sofisticação que as antigas. Mas o terceiro grande detalhe foi que, a medida em que o ônibus avançava, ele lotava, a ponto de na última estação ficarem pessoas do lado de fora, curtindo a beleza dos tubos (!).
No entanto, sem dúvida nenhuma, o que mais chama atenção na viagem é o enorme engarrafamento na via para veículos. Como todos sabem, a Linha Verde possui 12 faixas: 6 de ida e volta na via marginal, 4 de ida e volta na via local e as duas centrais exclusivas para ônibus. E enquanto estes seguem viagem, o trânsito de veículos fica parado, assistindo o nosso passeio. E sozinhos - a esmagadora maioria dos veículos com apenas um ocupante – o que nos mostra que o curitibano não pensa duas vezes em sair com carro, nem que seja para se ferrar no trânsito. Isso se deu principalmente no trecho das primeiras estações. Quarto grande detalhe: devido aos semáforos inteligentes, o ônibus não pega sinal vermelho até o Pinheirinho, fazendo com que a viagem seja muito rápida. Quando se dá conta, já chegamos ao destino final. Ou seja: se a Linha Verde é um inferno para quem trafega de carro, de ônibus é só elogios.
Quando se chega na imensidão do terminal do Pinheirinho, logo nota-se a quantidade de pessoas que dependem de transporte coletivo em Curitiba. Apenas para ilustrar, o terminal do Pinheirinho é maior do que as rodoviárias de cidades como Florianópolis, Londrina, Maringá e São José dos Campos (SP).
Por fim, pode-se dizer que a linha Pinheirinho / Carlos Gomes cumpre seu papel. O transporte é rápido e eficiente. Não é objetivo analisar a Linha Verde como um todo, mas cumpre ressaltar alguns comentários. Foi feito o plantio de infinitas mudas de árvores nativas e quando estiverem grandes, dará um toque mais ecológico à mesma. E a maioria dos ônibus rodam com biocombustível.
E o último grande detalhe: no decorrer do trajeto, me deparei com uma cena típica curitibana: motorista que insiste em avançar no sinal amarelo e que fica parado no meio do cruzamento. Resultado: exceto nas estações-tubo, essa foi a única vez em que o ônibus parou na Linha Verde. O motorista do articulado foi obrigado a dar a ré e desviar do nada simpático motorista do veículo. O que nos mostra mais uma vez que o curitibano ainda tem muito de aprender no que tange ao trânsito.
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